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Hylário Zen

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Hylário Zen foi um empresário e político brusquense. Atuou como Prefeito de Brusque de 1997 a 2000.

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Filho de Carlos Zen e de Adelina Moretão, Hylário nasceu em Brusque em 1928, dois anos depois da morte do avô Pedro, aos 73 anos. A família morava na comunidade de Poço Fundo, a 35 minutos de caminhada da Tecelagem do Renaux, onde Carlos trabalhava como tecelão.
Carlos acordava às 4 horas da manhã, o turno na tecelagem tinha início uma hora depois e se estendia até às 13h30min. Ele caminhava de volta para casa, almoçava e tomava o caminho da roça, que cultivava para auxiliar a manter a família.
Hylário era o filho mais velho. Auxiliou seus pais na roça até os 14 anos de idade, seguindo os passos do pai operário. Na Tecelagem Renaux, começou trabalhando como ajudante de ferreiro – como eram então chamados os ferramenteiros, em cujo setor havia forja e bigorna – e carregou muita espula até se firmar na fábrica.
Oito meses depois, ganhou como presente do pai uma bicicleta usada, o que lhe permitia dormir um pouco mais, antes do apito da fábrica. De ajudante de mecânico, trabalhando no período da manhã, passou a ser mecânico titular do turno da tarde, substituindo a um tio de Ivo Batschauer. Neste período, a principal atividade de Zen era consertar teares.

A VIDA NA CASA DOS PAIS E AS MEMÓRIAS DOS ANTEPASSADOS

Na casa de Carlos e Adelina Zen, todos trabalhavam em prol de todos. Imperava o respeito e o espírito de união entre o casal e entre seus filhos.
Ao chegar da tecelagem com o salário, o dinheiro ficava sob a guarda e administração da mãe. Sábado era o dia escolhido para a partilha. Depois do trabalho, de levar o trato para as vacas, de tomar banho de cachoeira, a família se sentava à mesa para fazer as contas.
As compras eram mensais e a crédito, anotadas em cadernetas. A Tecelagem do Renaux tinha uma venda que funcionava em regime de cooperativa, e era para ela que a família Zen separavam a primeira partilha do dinheiro. Vendia de tudo – era sortida, como se costumava dizer: tinha desde alimentos até tecidos e ferramentas.
A segunda partilha era para a venda do Eduardo Pecker – depois, mudou para as mãos de Pedro Zucco –, estabelecida na entrada antiga do Poço Fundo. Era a venda para comprar as coisas pequenas, suprindo as necessidades do dia a dia.

RUMO A SÃO PAULO EM BUSCA DE APERFEIÇOAMENTO

Hylário Zen não queria apenas continuar trabalhando na fábrica, ampliando conhecimentos na prática diária de suas funções. Ele queria aperfeiçoar conhecimentos e ampliar horizontes frequentando cursos profissionalizantes. Mas, cursos técnicos eram oferecidos apenas em cidades maiores. Ele precisava fazer uma opção, e depressa!
Sabia que seus colegas contramestres buscavam aperfeiçoamento no Rio de Janeiro, onde eram oferecidas especializações em tecelagem. Sabia que existia um curso de mecânica – sua área de atuação – no Senai de Blumenau, então ele considerou a possibilidade de trabalhar na fábrica e frequentar as aulas à noite.
Porém, o melhor caminho a seguir em busca de especialização em mecânica era uma cidade muito maior: São Paulo. Foi para lá que ele foi em 1949. Sua intenção era conhecer a cidade, se informar sobre os cursos de especialização e, é claro, ver a possibilidade de morar e trabalhar na cidade grande.


A VIAGEM PARA SÃO PAULO ERA POR ESTRADA DE TERRA E LEVOU DOIS DIAS

Rodovia asfaltada até São Paulo, em 1949?
Ah, sim... Nem em sonho!
A viagem foi em novembro, período no qual Hylário estava de férias na Tecelagem do Renaux. Até São Paulo, foram dois dias de viagem, a estrada era de um tipo só: estrada de terra! E com muitas curvas, tanto é verdade que rodaram 260 quilômetros até chegar em Curitiba, onde pernoitaram. No dia seguinte, a viagem prosseguiu até São Paulo: mais de 400 quilômetros por estradas de terra.
Mas, a grande aventura valeu a pena! Mesmo que na viagem de volta tenham os passageiros do ônibus levado um grande susto: para evitar que o ônibus – sem freio! – caísse em um abismo, a poucos quilômetros de sua chegada a Curitiba, o motorista fez o veículo subir em um barranco e, aos poucos, tombar. Ninguém se feriu com gravidade, mas tem quem quisesse bater no motorista, antes de saber os reais motivos do tombamento!
            Zen voltou para casa decidido: seu próximo destino era São Paulo, para onde retornou em janeiro de 1950, desta vez para ficar. Antes disso, pediu as contas na Tecelagem do Renaux, e reuniu-se com a família, de quem recebeu algum auxílio financeiro: três notas amarelinhas, de mil réis. Todos sabiam que era pouco, mas era o que tinham a oferecer.
Antes de afivelar sua mala, ouviu do pai alguns conselhos. “Vai, mas não esquece de uma coisa... Me falaram que São Paulo também tem igreja”. A vida simples e feliz, dividida entre a tecelagem e a roça, entre as pedaladas na bicicleta e os banhos de cachoeira, foram ficando para trás, cada vez mais longe enquanto o ônibus partia e cada vez mais marcado na memória enquanto São Paulo se aproximava.
Os dois primeiros dias foram passados na casa do amigo Ivo Batschauer. Depois, Zen seguiu para uma pensão, e logo conseguiu emprego como torneiro mecânico na empresa Baroc S/A, pertinho de onde morava. Os anos que se seguiram foram de muito aprendizado e trabalho.

IRMÃOS ZEN – UMA EMPRESA NASCIDA EM SÃO PAULO

No final de 1950, quando retornou a Brusque para visitar a família, Hylário convidou seu irmão Nelson para morar e trabalhar em São Paulo. Em 1955, Hylário se casou Evelina Dubiela, e cinco anos mais tarde ele e Nelson criaram a empresa Irmãos Zen S/A – era janeiro de 1960.
O primeiro investimento foi a compra de uma prensa. A empresa funcionava em um porão de 13 metros quadrados. Era o porão de uma das quatro casas velhas que os irmãos Zen compraram para morar e trabalhar. De vez em quando, voava cavaco da prensa e do torno para dentro da cozinha, o que não impediu que os negócios prosperassem.
Em fevereiro, Osmar Zen saiu de Brusque e foi se juntar aos irmãos. Em maio a empresa foi registrada. A principal atividade era fazer ferramentas, depois adquiriram uma máquina para estampa-las... Começaram a juntar capital, e depois de um ano compraram um terreno para implantar uma fábrica com área construída de 60 metros quadrados!
Demorou pouco para ser insuficiente para abrigar tantas máquinas, e o número de funcionários começava a crescer... Construíram um galpão de 1 mil metros quadrados. Demorou pouco para ser insuficiente, também, a empresa não parava de crescer!
As atenções dos Zen se voltaram para a periferia de São Paulo, em busca de novas áreas para ampliar seus negócios... Até que um dia, em visita a Brusque, Hylário Zen se encontrou com o industrial Carlos Cid Renaux. Ouvindo sua história, Renaux sugeriu que entrassem em contato com o prefeito José Germano Schaefer, o Pilolo, para ver a possibilidade de trazer os Zen de volta a Brusque.
Em 1974, dois anos depois do encontro de Renaux, Zen e Pilolo, foi adquirido o terreno no qual está instalada até hoje a Irmãos Zen S/A.

EXISTE FÓRMULA PARA O SUCESSO DE UM EMPREENDEDOR?

Hoje, aos 86 anos, olhando pelo retrovisor, Hylário Zen afirma que se sente feliz e agradecido por ter a oportunidade de aprender e empreender. Segundo sua experiência, o dinheiro ajuda mas o que mais interessa é ter vida.
Considera o estudo muito importante, tanto para a vida pessoal quanto para a carreira profissional. Se ele não tivesse tido oportunidade para estudar e trabalhar, talvez não tivesse constituído sua empresa, na década de 1960.
Empreender é importante também para a vida das pessoas que estão ao redor. Os segredos para alcançar sucesso com um empreendimento, na visão de Hulário Zen, são simples: ter honestidade consigo mesmo, trabalhar, estudar – o aperfeiçoamento é fundamental em qualquer profissão – e ter em mente sempre fazer alguma coisa a mais para agregar valor ao que se está produzindo. O crescimento e expansão de uma empresa não deve ser ambicioso, devem acontecer naturalmente!

Texto: Revista Lions Berço da Fiação






Veja fotos onde essa personagem aparece:


Elenco do Brusque Futebol Clube em 1999 com o prefeito Hylário Zen e autoridades. Foto e informações do Instagram @bruxque_87

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Evento de Inauguração do Hotel Monthez, em 08 de maio de 1992. Hylário Zen recebe Chico Wehmuth e esposa.

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Evento de Inauguração do Hotel Monthez, em 08 de maio de 1992. Hylário Zen e esposa Evelina, Carlos Cid Renaux e esposa.

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Evento de Inauguração do Hotel Monthez, em 08 de maio de 1992. Hylário Zen e esposa Evelina.

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Evento de Inauguração do Hotel Monthez, em 08 de maio de 1992. Hylário Zen discursa para convidados.

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Evento de Inauguração do Hotel Monthez, em 08 de maio de 1992. Mesa de autoridades com Paulo Vendelino Kons, Valdir Walendowsky, Hylário Zen e...

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Evento de Inauguração do Hotel Monthez, em 08 de maio de 1992. Mesa de autoridades com Paulo Vendelino Kons, Valdir Walendosky, Hylário Zen,...

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Evento de Inauguração do Hotel Monthez, em 08 de maio de 1992. Casal Evelina e Hylário Zen.

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Obras de construção da Av. Bepe Rosa (Beira Rio), que serve como canal extravasor das águas do rio Itajaí Mirim.

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Crianças e adultos fazem manifestação contra a poluição do rio, com um "abraço" simbólico, entre as pontes Irineu Bornhausen e Arthur...

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Crianças e adultos fazem manifestação contra a poluição do rio, com um "abraço" simbólico, entre as pontes Irineu Bornhausen e Arthur...

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Ex-prefeitos Hylário Zen e Celso Bonatelli com as esposas, em 1998.

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Autoridades e prefeito Hylário Zen no Augusto Bauer.

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Autoridades e prefeito Hylário Zen no Augusto Bauer.

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Autoridades e prefeito Hylário Zen no Augusto Bauer.

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