Valentim Loch foi presbítero de Azambuja, dedicando 45 anos de vida à formação presbiteral. Foi professor e Assistente dos Estudantes de Filosofia.
Compartilhe:Nascido em 10 de outubro de 1921, em São Ludgero, ficou órfão de pai aos nove anos, ingressando no Seminário de Azambuja em 1933, vindo juntamente com sua mãe, que morre pouco tempo depois, nos anos 40.
Dentre os anos de 1939-1945, estudou Filosofia e Teologia em São Leopoldo-RS, sendo ordenado presbítero em Azambuja em 02/12/1945. Pe. Valentim dedicou 45 anos na formação presbiteral. Em 1946 foi nomeado professor e prefeito de disciplina em Azambuja; em 1950, professor e diretor espiritual; em 1959, quarto reitor do Seminário.
Homem de rara memória e inteligência, Pe. Valentim podia lecionar qualquer disciplina, todas com a mesma competência: português, francês, alemão, grego, matemática, astronomia, latim, geografia, etc.
Tudo nele era sereno, organizado, bem feito. No atendimento aos seminaristas conseguia dar aparência de impassibilidade/neutralidade tanto diante de um pequeno que ia pedir um conselho quanto de um veterano em dúvidas vocacionais. Ouvia serenamente e com o mínimo de palavras indicava o caminho. Era tradicional seu costume de escutar nossas catilinárias enquanto lia tranqüilamente o jornal O Estado de São Paulo. Acabávamos de falar, ele permanecia em silêncio e depois uma pequena frase encerrava a questão. Às vezes o colóquio se resumia de sua parte, em dizer “tudo bem, pode deixar o outro entrar”. Os problemas podiam chegar-lhe grandes, mas sempre saíam menores e pacificados.
Em Florianópolis, foi Vigário- Geral (1970-1986) e Coordenador de Pastoral (1970-1977). Teve ocasião de praticar experiências pastorais assumindo por três anos a Paróquia de Nossa Senhora da Glória, no Balneário do Estreito (1984-1986). Sua preocupação: formar líderes e equipes para crescer na comunhão eclesial.
Novamente em Azambuja, atuou como professor e Assistente dos Estudantes de Filosofia. A partir de 1991 acumulou as funções de professor, Vice-Reitor, Vigário Geral para a região norte e Defensor do Vínculo do Tribunal Eclesiástico de SC.
A comunidade e os doentes de Azambuja estimavam a figura já histórica do “Monsenhor”. Desde o início de seu ministério, em 1946, aproveitava os domingos à tarde para caminhar pelas ruas de Azambuja, cumprimentando as pessoas e seguindo o caminho. Diariamente visitava os doentes no Hospital. Era uma missão que brotava do coração sacerdotal, não uma obrigação. Podemos dizer que em Pe. Valentim o ministério foi sempre vivido prazerosamente e não como ascese.
Pelo ano de 2004 o mal de Alzheimer começou a dar sinais. No ano seguinte já era perceptível o estrago físico operado pela doença: atacou a Pe. Valentim naquilo que tinha de mais precioso: a memória, a inteligência. Foi com tristeza que em 2006 se percebia seu alheamento da realidade. Sempre compassivo com os sofredores, encontrou a mesma compaixão na equipe do Seminário.
E Deus foi muito bondoso, chamando-o a si em dois de junho de 2006, primeira sexta-feira do mês. No dia seguinte, véspera de Pentecostes, acompanhado de muitos presbíteros e diáconos e de emocionado povo, seu corpo foi depositado ao lado do túmulo de sua mãe, no Jardim da Paz em Azambuja.
A imagem do Monsenhor Valentim se resume em um homem do silêncio, levava a sério a palavra: homilias breves, claras, objetivas, sempre preparadas, num estilo escorreito, belo, palavras e frases encadeadas harmoniosamente. Desde os tempos de Seminário tinha no “combate à moleza” a grande bandeira pedagógica. Foi seu programa pessoal na busca da santidade. Sua espiritualidade foi muito simples: a Missa e o Terço diário, o Ofício divino e a oração contínua e silenciosa. Um Padre cuja imagem está impressa na memória e na retina de quem aprendeu a conhecê-lo e amá-lo.