A história fotográfica de Brusque na Internet

Padre Antônio Eising

  • Padre Antônio Eising


Padre Antônio Eising teve função de destaque na história de Brusque. Além da ati­vidade apostólica, fez a regulamentação das proprieda­des paroquiais, a construção de igrejas, como a de Guabiruba do Norte e o antigo Santuário de Nossa Senhora de Azambuja, entre outras.

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Em 16 de janeiro de 1847 nascia, em Bocholt, na Vestfália, João Antônio Eising, filho do padeiro João Eising. Segundo o costume da. época, foi batizado no dia seguinte. Terminados a Escola Primária e o Ginásio, e decidido pelo sacerdócio matriculou-se na Universidade de Münster, capital da Vest­fália, onde concluiu os estudos filosóficos e teológicos. Dom João Bernardo Brünckmann ordenou-o sacerdote em 30 de novembro de 1871, com 24 anos de idade. No dia 2 de abril de 187’2 foi nomeado capelão dum distrito da Paróquia de Recklinghausen, e reitor de um Colégio anexo à Capela. Por 12 anos dedicou-se com zelo à cura d’almas e ao ensino. Em 10 de dezembro de 1884 recebeu transferência para Münster, onde foi, sucessivamente, 2°, e 1° Capelão da Paróquia de São Maurício. É neste período que cresceu nele o interesse pela atividade sa­cerdotal entre os colonos católicos de origem germânica no Sul do Brasil, emigrados da Vestfália entre 1861-1863. O piedoso e zeloso Pe. Guilherme Roer, também ordenado padre na Diocese de Münster, era o ativo pastor da zona colonial de Teresópo­lis, Vargem Grande, São Pedro de Alcântara, desde 1860. Seguindo seu conselho, um numeroso grupo destes colonos mudou-se para Braço do Norte, na Paróquia de Tubarão, para ocupar a terra fértil daquela região. O Governo Imperial tinha-lhes confiado a ingrata e aciden­tada terra de São Pedro e redondezas onde pouco tinham a plantar e pouca defesa lhes era oferecida frente às dificuldades da região. Visitando um doente, Pe. Roer percebeu que o Vale do Braço do Norte era mais fértil e favorável. Ali os colonos de Teresópolis criaram-se três núcleos com capelas e escolas, e o Pe. Roer ia de Teresópolis algumas vezes por ano, a fim de prestar-lhes assistência religiosa. O excessivo trabalho,,as enormes distâncias, a inclemência do tempo e a idade consumiram as forças do intrépido sacerdote e, doente, impossibilitado de levantar-se, fixou residência na casa da família Hobold, em Braço do Norte. Missionário no Brasil Nestas condições, mandou uma carta à diocese de Münster, pedindo um sacerdote. Começou a missiva com estas palavras: “Mise­remini mei, miseremini mei – tende piedade de mim, tende piedade de mim”. Encontrou eco: no dia 21 de maio de 1889, o jornal diocesano Kirchliches Amtsblatt publicou sua carta, com o resul­tado de um padre, Francisco Xavier Topp, viajar logo para Santa Catarina. Não encontrou mais o Pe. Roer: internado no Hospital de São Francisco, Porto Alegre, ali morreu em 8 de outubro de 1891. Os antigos paro­quianos ergueram-lhe, no cemitério, um monumento com os dizeres: “Morreu pelo bem espiritual de seus paroquianos”. O novo missionário, Pe. Francisco Topp, percebeu logo que o território confiado ao Pe. Guilherme Roer era vasto demais. Por sua. vez, dirigiu também uma carta ao Bispo de Münster, suplicando por mais um sacerdote. Dom Germano Dingelstadt publicou seu pedido em 14 de novembro de 1890, solicitando que os interessados se apre­sentassem. O Pe. João Antônio Eising e seu colega, Pe. Francisco Auling, anuíram logo e, a 22 de novembro foram dispensados para o novo tra­balho missionário entre os colonos católicos de Santa Catarina, onde chegaram em inícios de 1891. Pe. Auling foi seguiu para Curitiba e Pe. Eising foi nomeado coadjutor de Nossa Senhora da Piedade de Tubarão com residência em Vargem do Cedro, tendo ainda a seu cuidado a população de Ca­pivari. Conseguiu que os Franciscanos que tinham chegado a Teresópolis em 1891 assumissem esta última, pois tencionava mudar-se para a Colônia Itajaí (Brusque), a fim de prestar assistência religiosa aos alemães católicos da região. Em 18 de agosto de 1892, o bispo do Rio de Janeiro (de quem de­pendiam as Paróquias do Estado de Santa Catarina), o nomeou pároco das Colônias Itajaí e Príncipe Dom Pedro. Substituía o zeloso, mas intempestivo, Pe. João Fritzen. Havia 14 capelas na Colônia, e dis­tantes umas das outras. Em 1895, foi simultaneamente provisionado Cura do Santíssimo Sacramento de Itajaí e “Quase-Vigário” de São Sebastião de Tijucas, São João Batista e Senhor Bom Jesus dos Aflitos de Porto Belo. Logo no início, devido à separação entre a Igreja e o Estado estabelecida pela República, procurou legalizar a propriedade paroquial: pagou, na Coletoria da então Vila Brusque, a quantia de 69.139 réis por uma área de terre­nos com 92.956m2. O documento foi firmado em 14 de novembro de 1893, ,assinando-o, como representantes da Comunidade Católica, os Srs. Nicolau Gracher e Adriano Schaeffer. No mesmo ano de 1893 iniciou a construção da nova igreja de Guabiruba do Norte, demolida em 1923, por sua vez substituída pela atual: a antiga ameaçava ruir, já sendo indigna para o culto. Em 1894, apenas sete anos após a construção da primeira ermida pelos colonos italianos da Valada Azambuja, deu início à construção de uma nova igreja em Azambuja, que depois, até 1939, foi o Santuário de Azambuja. Sua visão pastoral descobriu logo que a Azambuja estava reservado a ocupar um lugar de relevo na devoção à Mãe de Deus; suas festas de maio já atraíam peregrinos de distantes regiões do Estado. Muitos, que anteriormente iam a Iguape, agora se detinham no pobre Vale de Azambuja, ali depositando seu agradecimento por favores alcançados. Acontecimento importante foi a Primeira Visita Pastoral do bispo Diocesano. Em 1892 Curitiba fora erigida em Diocese. Seu primeiro Bispo, Dom José de Camargo Barros, foi sagrado em Roma a 24 de junho de 1894, tomando posse em 30 de setembro do mesmo ano. A nova diocese abrangia os territórios do Paraná e Santa Catarina. Dom José logo decidiu visitar sua Diocese. Brusque preparou-se o máximo para a primeira recepção a um príncipe da Igreja. Em 26 de agosto de 1895, uma caravana de cavaleiros foi recepcioná-lo em Nova Trento. Fez o trajeto até Brusque a cavalo, numa viagem de cinco horas. Chegou em Brusque às 15,00 horas, sendo recebido com aplausos, foguetes e dis­cursos. Durou dois dias e meio sua Visita Pastoral, durante a qual crismou 750 pessoas, além de assistir a inúmeros casamentos. As obras de piedade e de misericórdia em Azambuja Em 8 de outubro de 1899, Pe. Eising dirigiu uma carta ao Bispo Diocesa­no, pedindo licença para comprar o lote no. 4 da linha Azambuja, uma área de 18.416 braças quadradas, pertencentes ao Sr. Jacob Knihs: Jacob Knihs fazia duas ofertas: toda a Colônia no. 4, com as casas do proprietário, por seis contos. Só o terreno, sem as casas, dois contos. Pe Eising preferiu comprar tudo, pois as casas serviriam para prin­cipiar logo uma Casa de Caridade. Em 27 de outubro do mesmo ano recebeu a licença da autoridade diocesana. Mas, a compra não se realizou logo. Pe. Eising comprou, antes, para a paróquia de Brusque, o lote no. 16 da linha Azambuja perten­cente a Pietro Colzani: 30,543 braças quadradas por um 1.200$000 réis. Dois anos mais tarde, em 3 de julho de 1902, deu-se a compra do lote no. 4, com as duas casas nele situadas. Diferentemente do outro lote, este tinha como adquirente jurídico a Capela de Azambuja. Pura resolver o problema do lote no. 16, adquirido pela Paróquia em 7 de agosto de 1902, o Pe. Eising vendeu-o ao Santuário de Azambuja, representado pelo Pe. José Sundrup. Constituía-se, assim, o “Patrimonium beatae Mariae Virginis de Caravaggio – Patrimônio de Nossa Senhora de Azambuja“. Falamos no Pe. Sundrup: em 26 de novembro de 1901, este sacer­dote também da diocese de Münster recebia a provisão de coadjutor das Paróquias de Brusque, São Sebastião da Foz do Tijucas, São João Batista e Senhor Bom Jesus dos Aflitos de Porto Belo. Sua colaboração ao Pe. Eising foi intensa e entusiasta. Pe. Eising acalentava um plano com relação a Azambuja: vendo o movimento espiritual nela existente, decidiu reservá-la para ser um centro de piedade e caridade. Centro de piedade já o era. E centro de caridade passou a ser em 29 de junho de 1902 quando, com o Pe. José Sundrup deu início à Santa Casa de Misericórdia Nossa Senhora de Azambuja, abrigando uma Escola Paroquial, uma Escola Catequética, um Hospital, um Asilo de Velhos e outro de órfãos e um Hospício para doentes mentais. Uma grande obra, iniciada do nada, mas brotada da fé e da caridade cristãs. Na mesma data chegaram as Irmãs da Divina Providência. Em 1903 surgir outra obra do incansável pároco com a colaboração das Irmãs da Divina Providência: a Esco­la Paroquial de Brusque, que depois deu origem ao colégio Santo An­tônio, hoje extinto, mas que tanto bem fez à juventude brusquense. Pe. Antônio Eising também se salientava pelo zelo pastoral. Admoestava, mesmo na rua, os fiéis em falta com a desobriga pas­cal. Amargurava-se profundamente com os casamentos mistos. Fato indicativo é o processo movido contra ele em maio de 1902. Edgar von Büttner acusou-o de ter retirado convites para um teatro, afixados na barca de transportes que levava a Itajaí. Venceu no tri­bunal, sendo defendido pelo Sr. Carlos Kraemer, que doou a remu­neração recebida do padre como advogado para as obras da Santa Casa. A guerra velada entre ele e o Sr. Edgar von Büttner deve ter começa­do, pelo que se pode deduzir em algumas crônicas, com o fato de terem sido promovidos espetáculos teatrais no Advento, contra isso insur­gindo-se os Padres Eising e Sundrup, sendo por isso acusados de intran­sigentes e reacionários. À época, a Igreja católica impunha rigor penitencial no Advento e na Quaresma. Certamente que os tempos não eram tão fáceis de serem en­frentados, e brigas religiosas, misturadas com política, não eram fá­ceis de encontrar o ponto de equilíbrio. Em 1904 Pe. Antônio Eising retirou-se da Paróquia. Tencionava vestir o hábito de São Francisco. Em 24 de outubro foi admitido ao noviciado do Convento franciscano de Rodeio onde, em 12 de fevereiro de 1905, com o hábito Franciscano recebeu o nome de Frei Capistrano Eising, OFM. Em 13 de fevereiro de 1906 emitiu os primeiros votos e, três anos depois, fez sua profissão solene e entra em nossa história como Frei Capistrano. Trabalhou em Petrópolis, em Curitiba (atendendo aos fiéis de língua alemã) e, novamente em Rodeio, a partir de 1911, como auxiliar do Mestre de Noviços. Idade e doença obrigaram-no, em agosto de 1921, a mudar-se para o Convento de Santo Antônio, em Blumenau. Faleceu no Hospital Santa Isabel de Blumenau com quase 50 anos de sacerdócio e 74 de idade: era o dia 19 de setembro de 1921. Um grande apóstolo e missionário. Texto retirado do site https://pebesen.wordpress.com/padres-da-igreja-catolica-em-santa-catarina/padre-antonio-eising/






Veja fotos onde essa personagem aparece:


Alunos do Seminário Nossa Senhora de Lourdes de Azambuja.

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Primeiro Santuário de Azambuja, iniciado pelo Pe. Eising em 1894.

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